domingo, 26 de fevereiro de 2017

Vidência


Pitonisa alucinada;
meus olhos ardem
diante dos fumos do passado.
Entre o fogo de luz intensa
e as brumas do olvido,
sou mais cega que vidente.


Pitonisa paciente;
a cada momento, mais se desvela _
lenta e curiosamente.
Os fumos vão se afastando
diante dos leques sagrados;
reencontro versos perdidos
com novos significados.

Pitonisa dentre os juncos;
sob o Sol, firme,
sob a tormenta, curvada.
Parte de mim enraizada em eterna sombra,
parte de mim erguida e iluminada.

Filha de águas doces e salgadas,
sou confidente das ventanias;
dourada sob o manto dos dias,
e aprendiz das lamas úmidas.

Isabela Escher.
- O poema pode ser reproduzido desde que os créditos sejam atribuídos à autora, Isabela Escher, e que a reprodução seja na íntegra, sem modificações e que não seja utilizada para fins comerciais.