Tranco
as janelas da alma
com
as memórias de dores
cíclicas.
Atravesso
estações inteiras
me
tornando fictícia.
Minha
carne então rebenta
em
dores latejantes.
Pulsam
no ritmo vulgar
da
obsessão de um instante.
Em
rastros de pensamentos,
esvaeço.
Ardo
em gritos errantes
que
nem eu mesma escuto.
As
minhas fibras se partem
no
compasso penitente
de
um autoflagelo agudo.
Eu
sangro
nestes
versos roucos,
escorregando
para a boca úmida
que
se fecha
pouco a pouco.
Escrevi esse poema após um episódio de depressão e ansiedade. Literatura não é apenas Arte; é também o meio que encontrei para me comunicar comigo mesma. Busco me conhecer por meio dos meus versos. Acredito, assim, que a Arte seja terapêutica.
Essa observação não invalida qualquer outra interpretação possível do poema "Dissonância". A minha intenção foi somente registrar a minha própria percepção e, mais do que isso, encorajar outras pessoas que sofrem de distúrbios psiquiátricos a recorrerem a todas as formas de Arte em sua recuperação.
Todo conteúdo desse blog pode ser reproduzido, desde que o texto em questão seja reproduzido na íntegra, não seja usado comercialmente e que os créditos sejam atribuídos a mim, Isabela Escher Rebelo.
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