terça-feira, 5 de abril de 2016

Dissonância

Tranco as janelas da alma
com as memórias de dores
cíclicas.

Atravesso estações inteiras
me tornando fictícia.

Minha carne então rebenta
em dores latejantes.
Pulsam no ritmo vulgar
da obsessão de um instante.

Em rastros de pensamentos,
esvaeço.
Ardo em gritos errantes
que nem eu mesma escuto.
As minhas fibras se partem
no compasso penitente
de um autoflagelo agudo.

Eu sangro
nestes versos roucos,
escorregando para a boca úmida
que se fecha
pouco a pouco.


Escrevi esse poema após um episódio de depressão e ansiedade. Literatura não é apenas Arte; é também o meio que encontrei para me comunicar comigo mesma. Busco me conhecer por meio dos meus versos. Acredito, assim, que a Arte seja terapêutica.

Essa observação não invalida qualquer outra interpretação possível do poema "Dissonância". A minha intenção foi somente registrar a minha própria percepção e, mais do que isso, encorajar outras pessoas que sofrem de distúrbios psiquiátricos a recorrerem a todas as formas de Arte em sua recuperação. 

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