terça-feira, 10 de maio de 2016

Anatomia


O vigor das tuas pernas me prendia.
Aquele vermelho tão tímido
espiava entre os teus lábios,
me desafiando a abri-los
para que tingisse a minha boca.

Meu rosto tocou
a escuridão de teus pêlos
se espraiando em penumbra sobre a tua pele.
Em minha língua,
o cheiro ardente de teus segredos semiocultos
prenunciava o sal de teus gemidos
a se agitar.

Eu revelava as tuas linhas pouco a pouco
enquanto tu pulsavas no teu ritmo.
O teu volume tangia a abertura
daquilo que em mim é mais profundo.
A tua voz confundiu-se ao meu silêncio
no instante sem nome do sublime.

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